quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Túmulo de Moisés na Caxemira

Encontramos na Bíblia cinco pontos de referência que nos levam ao túmulo de Moisés (cf. Deuteronômio 34): as planícies de Moab, o Monte Nebo nas montanhas de Abarim, o cume do Monte Pisga, Bet-peor e Hesebon. A "terra prometida" foi expressamente reservada para os filhos de Israel e não para todos os hebreus (Números 27:12). Essa terra deve se situar além do rio Jordão. Se fosse possível localizar a "terra prometida".

Literalmente, Bet-peor significa "lugar que se abre", como um vale, por exemplo, que se abre numa planície. O rio Jhelum, situado ao norte de Caxemira, chama-se "Behat" em persa, e a pequena cidade de Bandipur, situada onde o vale do Jhelum se abre para a vasta planície do lago Wular, chamava-se antigamente Behat-poor. Bet-peor transformou-se em Behat-poor, hoje Bandipur, na região de Tehsil Sopore, a 80 quilômetros ao norte de Srinagar, capital da Caxemira. A aproximadamente 18 quilômetros de Bandipur existe o pequeno povoado de Hasba ou Hasbal, que parece ser a Hesebon mencionada na Bíblia (Deuteronômio 4:46), em conexão com Bet-peor e Pisga. Nos rochedos de Pisga (hoje Pishnag), ao norte de Bandipur e somente a 1,5 quilômetros da cidade de Aham-Sharif, existe uma fonte famosa por suas qualidades medicinais. Na Bíblia, o vale e as planícies de Mowu são chamados de planícies de Moab, terra ideal para pastagens, a cerca de cinco quilômetros ao norte do Monte Nebo. O Monte Nebo, também conhecida como Baal Nebu ou Niltoop, ocupa um lugar de destaque na cordilheira de Abarim e oferece uma vista maravilhosa da cidade de Bandipur e de todo o planalto de Caxemira, sendo sempre mencionado no contexto de Bet-peor. Como se vê, todos os cinco nomes encontram-se bem próximos uns dos outros.

E o senhor lhe disse: Esta é a terra que jurei dar a Abraão, a Isaac e a Jacó, dizendo: 'Eu a darei à tua descendência'. Eu a mostrei aos teus olhos; tu, porém, não atravessarás para lá. Então Moisés, o servo do Senhor, morreu ali, nas terras de Moab, de acordo com a palavra do senhor. E ele o sepultou no vale, na terra de Moab, defronte a Bet-peor; e até hoje ninguém sabe onde é a sua sepultura. (Deuteronômio 34:4-6)

São doze quilômetros de estrada de Bandipur até Aham-Sharif. Dali até o povoado de Booth, ao sopé do Monte Nebo, é preciso ir a pé. A escalada é feita em uma hora por uma íngreme vereda, pouco visível, tomando-se a direção do oeste. O contorno da montanha e sua luxuriante vegetação lembram as colinas da Europa. Após cruzar vários campos, chega-se à aldeia de Booth, situada à base do Monte Nebo ou Ball Nebu, como é chamado pelos habitantes da região. O vigia responsável pelo cemitério chama-se "Wali Rishi" e está encarregado de guiar os turistas a um jardim aberto, que fica um pouco acima da cidadezinha, onde foi construído um pequeno mausoléu, túmulo de uma santa islâmica eremita, Sang Bibi, e de duas de suas adeptas. Bem perto, à sombra da pequena construção de madeira, depara-se com um marco de pedra, sob forma de coluna, elevado a um metro do solo e completamente recoberto de ervas. Esse é o túmulo de Moisés.

"Wali Rishi" explica que os Rishis reverenciam o túmulo há mais de 2700 anos. Esse túmulo encontra-se perto da planície de Moab, próximo ao cume do Pisga, na montanha do Nebo, do outro lado de Bet-peor e, nesse ponto, tem-se uma vista magnífica de uma terra florescente e sempre verde, onde "corre o leite e o mel", um verdadeiro paraíso. Nessa área, como em outras regiões de Caxemira, existem numerosas localidades com nomes bíblicos, alguns dos quais chamados "Muquam-i-Musa", isto é, "o lugar de Moisés". Ao norte de Pisga existe um pequeno lugar às margens do rio conhecido como "Banho de Moisés", de onde se pode admirar uma pedra mágica chamada Ka-Ka-Bal ou Sang-i-Musa (pedra de Moisés) com aproximadamente 70 quilos. A lenda diz que essa pedra tem o poder de levitar e permanecer a um metro do solo se onze pessoas a tocarem com um dedo, pronunciando ao mesmo tempo, a fórmula mágica "ka-ka, ka-ka". Tanto o número onze como a pedra representam as tribos de Israel.

Um outro lugar que recebeu a influência do nome de Moisés encontra-se perto de Auth Wattu (os oito caminhos), nas proximidades de Handwara Teshil. Os rochedos junto à confluência dos rios Jhelum e Sindh (não o Indo), ao norte de Srinagar, perto de Shadipur, foram batizados com o nome de Kohna-i-Musa, "a pedra angular de Moisés". Acredita-se que Moisés tenha repousado sobre essa rocha. Ayat-i-Maula (Aitmul significa "o sinal de Deus"), a cerca de três quilômetros ao norte de Bandipur, é outra localidade onde se diz que Moisés descansou.

Jesus Viveu na Índia de Holger Kersten, páginas 59-63.

Nome na língua de Caxemira - Nome bíblico - Referência Bíblica

Amal - Amal - 1 Crôn. 7:35
Asheria - Asher - Gênesis 30:13
Attai - Attai - 1 Crôn. 12:11
Bal - Baal - 1 Crôn. 5:5
Bala - Balah - Josué 19:3
Bera - Beerah - 1 Crôn. 5:6
Gabba - Gaba - Josué 18:24
Gaddi - Gani - Números 13:11
Gani - Gani - 1 Crôn. 7:13
Gomer - Gomer - Gênesis 10:2
Agurn (Kulgam) - Agur - Provérbios 30:1
Ajas (Srinagar) - Ajah - Gênesis 36:24
Amonu (Anantnag) - Amon - 1 Reis 22:26
Amariah (Srinagar) - Amariah - 1 Crôn. 23:19
Aror (Awantipur) - Balpeor - Números 25:3
Behatpoor (Handwara) - Bet-peor - Deuteronômio 34:6
Birsu (Awantipur) - Birsha - Gênesis 14:2
Harwan (Srinagar) - Haram - 2 Reis 19:12

...e assim por diante!

A tua habitação está no meio do engano; pelo engano recusam conhecer-me, diz o SENHOR. (Jeremias 9:6)

Manu - Manes - Minos - Moisés

As coisas se tornam mais fáceis e claras se partimos de algumas figuras representativas das principais linhas culturais do Oriente. No Século 19, foi levantada a hipótese de certos paralelos. Assim, na Índia antiga, o legislador e político era conhecido pelo nome de Manu. No Egito, por Manes. Minos era o nome do rei de Creta que foi estudar no Egito as leis que ele pretendia introduzir na Grécia. O líder do povo hebreu que nos legou os dez mandamentos chamava-se Moisés. Manu, Manes, Minos e Moisés, dada a enorme influência que exerciam na história da humanidade, estavam destinados a mudar a face do mundo. Todos os quatro estatuíram as leis que continuariam a ter força no futuro, alicerçando as sociedades sacerdotais e teocráticas. Todos procederam de acordo com um modelo arquetípico muito mais evidente que as meras semelhanças dos nome e instituíções que eles criaram.

Manu é uma palavra sânscrita que significa "um homem de qualidades excepcionais, um dispensador da lei". Os quatro nomes acima citados têm uma origem sânscrita comum.
Sempre, na aurora de todas as civilizações, surgem seres predestinados a grandes feitos, a conduzir as massas, a mover as engrenagens do progresso ou a governar. Em vez de se deixarem dominar pela sede de poder que tanta atração exerce sobre pessoas incultas, preferem, como líderes espirituais ou culturais, usar do poder que lhes foi concedido, para viver em harmonia com o Ser Supremo que existe na consciência de todos os homens. Envoltos por uma auréola de mistério, suas origens e suas vidas transformam-se em lendas. São chamados "profetas" ou "emissários de Deus" e reformulam as obscuras revelações do passado que só eles sabem interpretar. Em suas mãos habilidosas, toda realidade pode ser transformada numa manifestação do poder celestial que eles têm condições de invocar ou aplacar. Magos da Índia e de Israel, por exemplo, colocar uma serpente em estado catatônico, exibí-la como um cajado diante de todos e depois fazê-la voltar ao seu estado normal. Esse é, aliás, um truque muito popular no repertório dos faquíres.

Os adeptos e intérpretes literais das leis de Manu, aliando-se à mais influente casta dos brâmanes e dos sacerdotes, desequilibraram a estrutura social dos Vedas, causando assim o declínio e a ruína de seu povo, que, posteriormente, iria ser sufocada sob o corrupto domínio sacerdotal. Da mesma forma, aqueles que documentaram a tradição oral de Moisés se apegaram, sobretudo, ao comportamento despótico de seus predecessores, quando no governo do povo de Israel (ou filhos de Deus).

Jesus Viveu na Índia de Holger Kersten, páginas 52-54.